Opinião

Como vamos

Folhetim - A semana passada assistimos a mais um episódio da novela que a extrema direita edita, a espaços, nos Açores. Carlos Furtado, que em março se demitira de líder regional, que em maio foi reeleito num processo eleitoral contestado, que a 3 de junho era “o único deputado mandatado para representar o partido”, é agora deputado independente. O líder nacional que lhe retira a confiança política e se queixa da excessiva subserviência do partido ao PSD Açores é o mesmo que, de gravata cor de laranja (na visita à ilha Terceira o acessório era lilás) vai ao Palácio de Santana assegurar ao Presidente do Governo que o acordo parlamentar se mantém. Também Carlos Furtado já veio prometer manter, como independente, o seu apoio ao Governo da coligação. Tudo em paz, portanto.

Vacinas e certificados digitais – Em tempos escrevi neste espaço sobre a distribuição de vacinas ocorrer de modo proporcional à população cabendo ao Governo Regional a opção política por um critério diferente para a sua administração à população, bem como a assunção das respetivas consequências. Não creio que o Governo faça sequer a avaliação dessa decisão, muito menos que assuma qualquer responsabilidade pelos resultados dessa opção. A verdade é que, a fazer fé nos números publicados no portal do Governo, por exemplo, na Terceira, consultado ontem, apenas 22 101 pessoas têm já a segunda dose. Isto num momento em que, segundo o que li nos OCS, a variante Delta representa 100 % dos casos na Região. Falando de certificados, como se explica que pessoas que concluíram a sua vacinação (duas doses, para que não fiquem dúvidas) em abril e maio não conseguissem obter os certificados digitais em meados de julho porque as vacinas não estavam inseridas no sistema?

Ontem, no debate sobre o Estado da Nação, na Assembleia da República, o Primeiro Ministro anunciava que está tudo preparado para, nos fins de semana, entre 14 de agosto e 19 setembro, 570 mil crianças e adolescentes entre os 12 e os 17 anos receberem as duas doses de vacina, caso a decisão final da Direção Geral de Saúde seja nesse sentido. Por cá, já pensámos nisso?

O tempo – Na Horta, o presidente do PSD Açores retomou o discurso que já havia usado na campanha para as eleições regionais sobre o muito tempo do PS. Gostava de saber se pensa o mesmo sobre Ponta Delgada, onde os seus anos contam para o cômputo geral dos anos do PSD à frente da gestão da maior autarquia dos Açores.

RUP – A Comissão Europeia abriu uma consulta pública com vista à recolha de contributos para uma nova abordagem, que visa adaptar a parceria da Comissão com as regiões ultraperiféricas às prioridades da União para a transição ecológica e digital, integradas na recuperação da pandemia. Da região chegaram dois contributos: da Federação Agrícola dos Açores e do “Digital Transition and Transformation Service of the Azores Regional Government”. Questiono-me se este é o único contributo do Governo dos Açores ou se cada serviço do Governo vai dar o seu próprio contributo. Parecer-me-ia que numa matéria desta importância, e querendo participar na consulta pública, o Governo Regional elaboraria um documento único, devidamente sistematizado e harmonizado, que integrasse os contributos das diversas áreas, numa visão necessariamente integrada.

Esta é uma oportunidade para que todos, cidadãos e instituições, façam ouvir a sua voz junto da Comissão Europeia e que não devemos desperdiçar.